Oi Gente, tudo bem com vocês? Estou aqui para trazer a primeira invasão no Talvez Geek! Fiz uma parceria com o Blog Irreparável e a Carol trouxe para vocês a resenha de Nix!
“... espíritos familiares que não são maus. Algumas vezes eram até bondosos (...), discretos e se irritavam se não recebessem mingau de creme às quintas-feiras. Com muita manteiga. Eles não eram fantasmas amigáveis, mas também não eram cruéis. Eles faziam o que tinham vontade . Eram fantasmas egoístas.” - Significado de Nix
Nix é um livro que tinha tudo para me conquistar completamente,
mas erra numa simples questão estrutural. Oscila por vezes contínua entre os
melhores que li no ano, até agora, para uma história extremamente cansativa, e
essa oscilação desgasta o leitor. Pelo menos foi assim comigo.
O livro conta várias
histórias, mas todas voltadas ao protagonista principal, um professor de
literatura inglesa frustrado chamado Samuel, que é abandonado pela mãe ainda
criança, e que devido a uma série de abandonos consecutivos após isso, acaba se
transformando em um adulto de veias psicológicas complicadas.
Quando, depois de anos, a mãe
aparece na televisão jogando pedras em um pré-candidato e é presa por isso,
Samuel é acionado pela defesa para que os ajude a livrar a mãe dessa enrascada.
Aquilo foi um choque para ele enquanto filho, mas enquanto escritor que estava
empacado em um projeto e sendo pressionado pelos editores a entregar um
material com urgência, Samuel vê nessa situação da mãe em rede nacional uma
oportunidade de criar uma nova história que facilmente virará um best seller. E
eis um bom motivo para reaproximação entre mãe e filho.
O livro é narrado por diversos
pontos de vista, e ainda que isso tenha sido o principal motivo do meu cansaço,
porque a maioria desses personagens parecem não fazer diferença no enredo,
entendo que o autor quisesse nos comunicar que o lance de “Nix” era muito maior
do que apenas Samuel e a mãe dele. Sem contar que meus capítulos prediletos
eram dos coadjuvantes. Mas sendo sincera? Eu preferiria que ele tivesse nos
poupado de tantas páginas e focado apenas na relação maternal. Aposto que eu
teria entendido a ideia do mesmo jeito.
Nix é um banho de história da
década de 60, 80 e os anos 2011. A partir do momento que acompanhamos a
trajetória da mãe de Samuel até o abandono, e a vida do garoto desde então. Não
vamos mergulhar apenas na história de dois personagens, mas de todo um contexto
que os levaram até aquele momento.
Os personagens do livro são
complexos e bem construídos. Talvez esse tenha sido o principal motivo que não
permitiu que o autor deixasse os coadjuvantes de lado durante a narrativa. Ele
sabe criar personagens fortes e concretos. Não há como deixar de se identificar
com pelo menos um deles durante a leitura. Sem contar que de modo geral a
escrita do autor é sublime. Para um primeiro livro, ele foi perfeito.
Se tenho algo a reclamar é
exatamente a questão da quantidade de páginas que ficam meio aleatórias quando
chegamos ao fim do livro. Ele é imenso e eu poderia facilmente ter cortado a
metade dele. É legal conhecer? É, mas meio desnecessário. E ainda tem a coisa
dos parágrafos enormes e narrativos. Se o livro já cansa pela temática, cansa
muito mais pela estrutura do texto. Sério, achei que não conseguiria terminar
nunca.
Quanto a semântica, ou o que
eu tirei dele, é algo que pessoalmente sabia, e que todo ser humano sabe, mas
que nos fazemos de cegos com frequência por preguiça ou vergonha. Somos seres
egoístas, exatamente igual ao personagem da lenda de Nix, que citei lá em cima.
E ser egoísta não quer dizer que somos ruins, só que ninguém é obrigado a
gostar ou aceitar as coisas do jeito que elas são e estão. Isso foi claro no
texto quando a mãe de Samuel o deixou, depois os amigos e desde então uma
sucessão de abandonos, e que ele próprio repete depois, e dai entende que ser
falho é tão comum quanto respirar.
É um livro grandioso.
Cansativo, sim, mas grandioso.
Carol Teles Bispo - blog Irreparável
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