sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Resenha A Festa No Covil - Juan Pablo Villalobos

Um comentário
Imagina só!

Uma história toda contada na visão de uma criança que adora chapéus, tem seu próprio zoológico em casa, o pai é chefe do narcotráfico mexicano e tudo que ela vive parece perfeitamente normal.

É exatamente do que se trata A Festa no Covil  de Juan Pablo Villalobos.

Gente, que capa linda *-*


O livro é pequeno (em média 88 páginas). É um dos meus primeiros livros da literatura mexicana. Ele possui uma leitura fácil, porém contém algumas palavras consideradas difíceis para uma criança. São elas: Nefasto, Pulcro, Sórdido, Fulminante e Patético. Pode ser lido em um dia ou menos. É uma história bizarra e cômica que mostra com a inocência de uma criança como ela pode ser solitária mesmo tendo aparentemente tudo que ela quiser.

Os nomes dos personagens são esquisitíssimos! Eu não consegui decorar todos e outros ainda não sei pronunciar kkk porque são realmente estranhos (do tipo Tochtli, ou Itzpapalotl)


A narrativa é feita pelo filho do "El rey" -assim que chamam o traficante em questão no livro, o nome dele é complexo (Yolcault) kkk-, que é um garoto considerado precoce e solitário.

A história gira em torno da busca do menino pelo hipopótamo anão da Libéria -animal extremamente desejado pelo garoto- nisso, ele acaba contando um pouco de seus dias nessa aventura e de forma inocente relata alguns fatos que seriam considerados terríveis para nós, mas que para ele são completamente normais, como ele gostar dos franceses simplesmente porque eles tiram as coroas dos reis para que elas não amassem quando eles forem guilhotinados.
(Chocante)


O interessante dessa história é a forma como a morte (assassinatos) é tratada com naturalidade, o modo como alguns objetos e detalhes parecem mais importantes do que o assassinato em si. A história mostra um garoto engraçado -na visão adulta-, pois muito do que ele fala com seriedade é visto como brincadeira pelos personagens e nós leitores. 

Esse mini romance nos traz uma bipolaridade muito grande. Eu comecei a achar engraçado e ao mesmo tempo triste, o garoto tem um ar de superioridade hilário, a forma como tudo é "Nefasto" ou "Patético", mas também é uma criança solitária que vive isolada do mundo em sua própria realidade, é perceptível a alienação que o meio causa à criança.



O livro foi muito bem elaborado, eu particularmente amei. E como diz a própria sinopse "... Revela-se um quadro sinistro e doce como uma caveira de açúcar." Estou convicta que quem ler vai se apaixonar tanto quanto eu. Querendo ou não só conseguimos olhar para o garoto com compaixão porque no livro temos consciência de que ele foi obrigado a ter essa realidade. Super recomendo! Sei que não irão se arrepender.


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